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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

LANTERNA VERDE O FILME


A história de Hal Jordan finalmente chegou às telonas. O filme do Lanterna Verde foi confirmado em 2009, quando entrou em pré produção, e desde então vinha bombardeando a cabeça dos fãs. Curiosos e pessoas que não conhecem a mitologia do personagem acabaram ouvindo falar por boca a boca, ou foram vítimas (no bom sentido) do pesado marketing feito pela Warner Bros. nos últimos meses.

Naturalmente, como acontece em quase toda produção de super-heróis para o cinema, a do Lanterna Verde também gerou controvérsias, começando com a escolha de atores. Ter Ryan Reynolds como Hal Jordan, o grande foco do filme, parecia a pior escolha desde Michael Keaton para Batman. Pouco tempo depois, quando as pessoas começavam a acostumar-se com a ideia, veio outra polêmica: o roteiro, até então aprovado pela WB., começava a sofrer mudanças de última hora. Geoff Johns, o grande revolucionário das HQs e que fez o Lanterna ficar no panteão de personagens favoritos do século XXI, não era ninguém para a produção do filme, mas de repente estava comandando tudo como novo chefe de criação da DC Entertainment.
O vai e volta piorou ainda mais no momento em que o primeiro trailer do filme foi exibido online, em dezembro de 2010. Por mais que a qualidade visual fosse alta, estava claro a todos que o filme não tinha apelo nenhum. Muito criticado, o trailer (que serviria de primeiro grande atrativo) fracassou e gerou uma nova leva de reescrita e acertos desesperados. Previsto para algo em torno de 180 milhões, o orçamento já beirava os 250 milhões, e acabou numa soma que raspou nos 300 milhões. Ainda que não seja o filme mais caro da história, chegou bem perto. A WB., desesperada, começou a bombardear a mídia com um marketing bem pesado, envolvendo colecionáveis, vídeos na TV aberta, trailers e imagens. Lanterna Verde, dirigido por Martin Campbell, havia tornado-se um fato. Em 17 de junho, semana passada, ele estreou nos cinemas norte-americanos e europeus.
Poucos dias antes houve a pré estreia em alguns cinemas dos Estados Unidos, e a recepção dos jornalistas não foi nada boa. A grande maioria das resenhas acusava o filme de ser raso demais, de não convencer com seus personagens e ter uma resolução tão pífia quanto o restante que fora criticado. Por fim, com a somatória de quase 300 milhões nas costas, Lanterna Verde saiu na frente nas bilheterias com 52 milhões no primeiro fim de semana, valor que mesmo sendo muito bom, não chegou nem perto das expectativas da Warner Bros., que esperava algo em torno de 100 milhões no mesmo período. Até o momento, o filme soma 83 milhões.
No fim das contas, é um bom filme? Ele adapta bem a vida e a mitologia dos Lanternas Verdes? Sim, é um bom filme. O maior erro do filme é o balanço, e foi a partir daí que surgiram todas as críticas. De fato, o que que apontaram que muitos personagens não convencem, não estão errados. As personalidades são monodimensionais e não deram chance de qualquer aprofundamento maior. Sendo assim, o espectador fica sem identificação com quem está na tela, fazendo da experiência na sala de cinema algo tão descartável quanto qualquer outro sub produto da cultura popular.
Ryan Reynolds não foi necessariamente uma escolha ruim como protagonista, tampouco Blake Lively (Carol Ferris) como seu interesse romântico. Todavia, as forma como estes personagens são tratados e dirigidos é que os coloca na berlinda, fazendo deles meros fantoches numa história cheia de recortes. Com um pouco mais de desenvolvimento na relação deles, além de um background um pouquinho explorado (o passado deles é quase nulo na história), já seria o suficiente para que Lanterna Verde subisse muito nos pontos da crítica. Infelizmente, não foi o que aconteceu, e o vilão Hector Hammond não fica atrás.
Interpretado por Peter Sarsgaard, Hammond é tão galhofa e bobo que nem as crianças vão gostar. Incorporando Jon Voight em seus piores momentos da carreira, Sarsgaard usa seus poderes para coisas tolas, mostra a língua, xinga de bobo e dá tchauzinho para os soldados. Só faltou piscar para o espectador, feito de bobo na poltrona do cinema.
Interessantemente, se os protagonistas não convencem, o que se vê em torno deles é quase mágico. O planeta Oa, os Guardiões e a Tropa dos Lanternas Verdes foram bem mostrados. Mark Strong acaba por fazer um Sinestro convincente, cheio de orgulho e atitude, como se vê nos melhores quadrinhos com ele. O mesmo vale para Kilowog (com voz de Michael Clarke Duncan) e Tomar-Re (com voz do oscarizado Geoffrey Rush). Este trio é o mais importante dos Lanternas mostrados no filme e é triste que não tenham ganhado um espaço melhor – todos estão ótimos.

O planeta Oa é um espetáculo à parte. Fãs e conhecedores dos quadrinhos vão reconhecer os detalhes explorados visualmente no planeta esmeralda, além de saberem apontar facilmente seus lanternas favoritos nas cenas em que toda a Tropa é mostrada. Tomar-Re apresenta Oa para Hal Jordan como estivesse quebrando o quarto muro e tendo contato direto com quem vê o filme. Kilowog treina, brevemente, Hal e mostra por que tem tanta atitude. Sinestro, por fim, clama pelo poder da Tropa como só ele poderia fazer.
Por fim temos Parallax, o grande vilão, a entidade amarela do medo que quebra o poder verde dos que têm força de vontade. Este, mesmo que não tenha sido tão bobo quanto Hector Hammond, também deixou um pouco a desejar. Para uma entidade que causa tanto medo e pavor, o monstro retratado no cinema por pouco não causa risos. Uma pena tê-lo tão mal aproveitado.
Sendo assim, a trama acaba ficando pobre. Mesmo que o visual seja muito rico (com um orçamento desses, não é pra menos), é como se todos presenciassem um show de uma banda fantástica que não toca suas melhores músicas. A experiência de se assistir Lanterna Verde é encurtada com a falta de, literalmente, sustância para o convencimento geral.
No fim das contas, Lanterna Verde é mais um filme recomendado a crianças ou fãs de carteirinha. Os primeiros porque vão se divertir bastante com os construtos esmeraldas geniais e com a porradaria, e os segundos por poderem admirar, em ação real, alguns dos elementos que os fazem gostar tanto dos gibis do Lanterna. Toda a grande massa e os críticos que estão entre estas duas categorias certamente terão algumas decepções. Uma continuação é merecida, mas ela precisa ser muito melhor direcionada e trabalhada para não fazer os heróis esmeralda caírem em total descrédito.
FONTE: http://www.multiversodc.com/v2/2011/06/lanterna-verde-o-filme-resenha-sem-spoilers/

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